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Foto do escritorLetícia Fernandes Leal

Tick, tick... BOOM!

Atualizado: 9 de jan. de 2022



Fui surpreendida. Eu, que não sou amante de musicais, fui capturada por Tick Tick… Boom, novo filme da Netflix.


O longa conta a história real de Jonathan Larson, escritor de musicais.


Larson está prestes a fazer trinta anos e começa a questionar sua decisão profissional pela arte. Ele compara sua vida com a de amigos que desistiram do teatro e encontraram “empregos mais seguros”.


Gostaria de compartilhar aqui algumas considerações sobre os meus momentos preferidos do filme.



⚠️ [Alerta de spoiler!] A partir daqui, este texto pode conter informações importantes sobre o enredo. Se não quiser spoilers, salve o post e retorne após assistir ao filme.



💥 A MELHOR MÚSICA


Depois de descobrir que a saúde do melhor amigo estava em risco, Jonathan canta (e reflete) sobre algumas experiências marcantes que viveram juntos.


Todos os momentos que recorda são situações envolvendo música e teatro. Depois de cada uma daquelas ocasiões, Larson pensava: “Puxa, que maneira de passar o dia!”.


Acredito que essa canção concentra a questão mais importante do filme: como você deseja passar seus dias?


Considerando a brevidade desta vida, como você deseja gastar o tempo que ainda tem?



💥 A MELHOR CENA


Minha cena favorita não é a mais emocionante ou engraçada. No entanto, faz parte de um ponto de virada na maneira como o protagonista lida com o próprio trabalho.


Depois de passar oito anos escrevendo um musical, Larson tem a chance de apresentá-la a uma plateia de produtores. O resultado é muito elogiado, mas não encontra apoio comercial para ser realizado.


Arrasado, ele pergunta à sua agente o que deve fazer agora.


A resposta de Rosa é, para mim, um dos melhores conselhos que se pode dar a um artista da palavra. Ela diz:


"Comece a escrever o próximo. E quando terminar, comece o seguinte. E assim por diante. A vida de compositor é assim, meu amor. Você atira o que pode contra a parede e reza para que algum deles vingue. Escute, quer um conselho de alguém que está há muito tempo na área? No próximo musical, tente escrever sobre algo que você conhece. Certo, rapaz? Comece a apontar o lápis”.


💥 A RESISTÊNCIA


“Resistência” é um conceito criado por Steven Pressfield. Você pode ler mais sobre isso no livro A Guerra da Arte.


Basicamente, trata-se da força que impede de fazer o trabalho criativo. Algumas pessoas chamam isso de “bloqueio” ou “procrastinação”.


A Resistência foi a grande antagonista do filme.


Para vencê-la, Lars precisou abraçar o trabalho criativo como uma profissão, aprendendo a recomeçar (como no conselho de Rosa).



💥 O TEMPO


Outra cena que representa bem as discussões levantadas pelo filme acontece bem no início quando, em conversa com os amigos, o protagonista comenta seu emprego como garçom.


Larson diz que está prestes a completar trinta anos e, quando essa idade chegar, deixará de ser um artista que trabalha em uma lanchonete e passará a ser "um garçom com um hobby".


O que está em jogo não é o descrédito da atual profissão, mas a idade do rapaz e a maneira como ela parece definir sua identidade ou sucesso. Ao longo do filme, essa é uma questão que o atormenta. Mais de uma vez, ele comenta a idade em que outro artista fez sucesso.


Felizmente, o enredo avança de forma a desconstruir essa ideia. Jonathan abraça seu próprio tempo e trajetória. O que o faz decidir pela Arte tem pouco a ver com a idade vivida. Na verdade, para ele, importa considerar o modo de viver o tempo restante, seja ele qual for.



💥 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Tick, tick… Boom! não é um filme idealista, no sentido negativo da palavra. Ele mostra como a criatividade pode ser abraçada como carreira ou como passatempo, sem impor ou condenar qualquer uma dessas possibilidades.


No fim, cada um de nós terá que decidir, como Larson e seus amigos, como gastaremos a vida que nos foi concedida.


Tick, tick… O tempo está passando.



🦉 E aí? O que você achou do filme?




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